Get Color! Nome bastante expressivo pra um disco, hein?! Esse lance de usar imperativo, mandamento, é bacana no rock’n roll. “Nós queríamos criar um novo slogan ‘rock’”, disse o líder do HEALTH, John Famiglietti, numa entrevista recentemente. Cores, taí uma coisa facilmente assimilável no som da banda. Dá pra criar até um novo rótulo: rock colorido. Em “Get Color” as músicas parecem ter sido rabiscadas com giz de cera, em várias camadas de cores, com alguns borrões de tinta aqui e ali – densos, aleatórios. Mas como numa obra de arte contemporânea que se dispusesse a fazer tal composição cromática, a inspiração prevalece sobre a forma, e a impressão que fica é de um experimentalismo fértil, mas que ainda carece de uma certa fluência pra se tornar genial.
Se engana quem pensa que o som do HEALTH é algo pra se ouvir a qualquer momento. A essência do trabalho dos caras é barulho, então é bom já estar preparado quando for experimentar ouvi-los. A palavra da ordem é desconstrução: os elementos que guiam a barulheira deles são diversos. Guitarras distorcidas com um dispositivo chamado zoothorn (que mescla microfonias e efeitos de pedal de guitarra), um sintetizador de sonoridade premeditadamente tosca, e vocais suaves, sem coerência lírica nenhuma, que funcionam apenas como complemento pras melodias.
Ao contrário do primeiro disco, que dispunha de canções rápidas, barulhentas e de aspecto altamente improvisacional, em Get Color a banda arrisca uma levada mais “tradicional”, como experimentou antes na versão que o Crystal Castles fez para “Crimewave”. “Die Slow”, por exemplo, une uma explosão percussiva aos moldes do Lightning Bolt com elementos de synth pop oitentista, revestidos de vocoders robotizados, criando um clima meio cyberpunk. Outros momentos trazem a banda com uma levada mais no-wave como em “Nice Girls”, que parece saída do disco Drum’s Not Dead do Liars, ou então o HEALTH assume um tom meio Boredoms, como em “Before Tigers” e “Severin”.
Embora “Die Slow” e “We Are Water” sejam bons exemplos das genialidades que podem sair da inóspita mistura de noise rock com synth pop, o disco no geral ainda peca por não ser facilmente deglutível por quem não está acostumado a muita barulheira. Ao contrário dos seus comparsas de cena em LA: Mae Shi, No Age e Abe Vigoda, o HEALTH ainda não conseguiu uma certa regularidade em hooks nas suas músicas pra manter o interesse num disco seu por muito tempo. Fica a dica pelo menos pra quem gosta de experimentalismos e noise: dificilmente em 2009 teremos um disco melhor no gênero que Get Color.
[“Get Color”, HEALTH. 9 faixas com produção da própria banda. Será lançado pela Lovepump United em 8 de setembro de 2009]
[rating: 3.5/5]
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