De folga do Interpol, banda nova-iorquina que lançou seu último disco, “Our Love to Admire”, em 2007, Paul Banks resolveu adotar a personalidade de um alter ego e lançar um disco solo, “Julian Plenti is… Skyscraper”, lançado pela gravadora Matador em 04 de agosto.
Segundo o release, Banks (ou, neste caso, Plenti) tocava as músicas que fazem parte de “Skyscraper” desde 1998 (desde a época de formação do Interpol, portanto) e seguiu se apresentando nos arredores de Manhattan até 2003. Em 2006, resolveu gravar uma demo e, em 2008, entrar em estúdio. Além de músicos de apoio, Plenti chamou alguns amigos para participar das gravações: Mike Stroud do Ratatat e Charles Burst do The Occasion, Sam Fogarino, do Interpol, que toca bateria em “Games For Days” e Striker Manley, do Stiff Jesus, que toca em “No Chance Survival” e “Fun That We Have.”
Produzido por Charles Burst, que também tocou bateria em “Only If You Run“, “Skyscraper” e “Girl on the Sporting News“, o disco tem um ar sentimental, melancólico, mas de uma forma leve, distante um pouco do clima mais soturno e pesado do Interpol. A foto de capa (feita por Matthew Salacuse) é emblemática neste sentido: no que parece ser o cenário de uma festa, com as palavras “Julian Plenti is… Skyscraper” penduradas no teto, temos um Plenti sentado sozinho, em um imenso sofá, acompanhado apenas de um copo de Martini, ao que parece. Mais “deprê” impossível.
O disco começa de forma cadenciada, com “Only if You Run”, guiada pela batida de bateria e com um vocal tranquilo, baixo. A letra fala sobre superação: “I’ve had my frustrations, but now, I’ve found my place” (tive minhas frustrações, mas agora encontrei meu lugar, em tradução livre). Segue com “Fun That We Have”, que possui alguns toques eletrônicos.
“Skyscraper” não dá nome ao disco à toa; é a cara do álbum: climática, começa bem devagar, com alguns sussuros. O vocal mesmo só começa depois de 2 minutos, com uma letra algo conceitual, com a repetição de uma única frase: “Shake me, shake me/Skyscraper” (me balance, me balance, arranha-céu). É uma das mais bonitas e um dos destaques do disco.
“Games for Days” se opõe à anterior, com uma batida eletrônica, lembrando uma música do Nine Inch Nails. “The day you’ve played my heart/With the way that you’ve played the guitar”, diz o refrão, num jogo de palavras (o dia em que você brincou com meu coração, com o modo como você tocou o violão). “I won’t let the party die”, diz mais para frente. Plenti não quer que esta festa acabe. A música ganhou um vídeo, dirigido por Javier Aguilera e que conta com a participação da vocalista do Metric, Emily Haines.
“Madri Song” é o outro grande destaque do álbum, ao lado de “Skyscraper”. Balada simples, à base de piano, com uma letra de um verso só: “Come have at us, we are strong”. “No Chance Survival” segue no mesmo ritmo. “You can live your whole life in a cave, man”, diz a letra (você não pode viver em uma caverna pro resto da vida, cara).
“Unwind” é outra que é mais elétrica, para cima. “I see your face and I let you on me/I cant replace you, you wanna give us another try?”. Plenti quer mais uma chance com sua ex. Em “Girl On The Sporting News”, ele volta com a pegada calma, voz tranquila, guitarra acústica fazendo a marcação. Na letra sarcástica, confessa atração pela repórter de esportes.
“On the Esplanade” é outra balada bem climática, mais acústica, vocal calmo. “Fly as You Might” já é mais cadenciada, marcada pela guitarra. Plenti se oferece de corpo e alma a uma garota que vai partir (morrer, ao que parece). O disco termina com a estranha “H”, que possui vocal meio robótico. “Julian Plenti is… Skyscraper” é assim mesmo: enigmático, melancólico, triste, calmo e, em alguns momentos, muito bonito.
[“Julian Plenti is… Skyscraper”, Julian Plenti. 11 faixas produzidas por por Charles Burst e mixado por Peter Katis. Lançado em agosto pela Matador].
[rating: 3.5/5]
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