Melhores Músicas de 2008: 10 – 01

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10) “Blind” [vídeo]
Hercules And Love Affair

Não preciso dizer que a disco music esteve no alto em 2008. Do pastiche do “Last Night” do Moby à sua mistura com o country-rock do My Morning Jacket em “Evil Urges”, o estilo saiu do submundo para os iPods e até voltando às paradas como aquele filme do ABBA. De toda a extensa produção, os melhores resultados vieram do Hercules & Love Affair, último fetiche da gravadora fetiche DFA, comandado pelo produtor Andy Butler. Com ajuda do mestre Tim Goldsworty, Andy reimagina em “Blind” umas das vozes mais poderosas dessa geração, Anthony Hegarty, como uma diva purpurinada rodando debaixo do globo de espelhos do Studio 54. E enquanto ele se contorce em maneirismos vocais, você rodopia junto.

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9) “Sérgio Sampaio, volta” [MP3]
Cérebro Eletrônico

O fato que a melhor música de um discos mais alegres do ano seja a mais triste só prova a versatilidade do Cérebro Eletrônico e de seu principal compositor, Tatá Aeroplano. Sob uma cama de reverberações de guitarra, Tatá destila sua mágoas de fim de relação, mas não fica só nisso. Pedindo ajuda ao mestre Sérgio Sampaio, Tatá transforma a tristeza quase suicida em redenção, o atoleiro sentimental em fonte de esperança.

 

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8) “Kim & Jessie” [vídeo]
M83

Como um Phil Spector moderno, Anthony Gonzalez se consagrou por criar verdadeiras paredes sonoras ao longo de sua carreira, basta lembrar da tristeza shoegazer densa de “Run into flowers”, ou dos arranha-céus de “Don’t save us from the flames”. Em “Kim & Jessie”, ele segue pelo menos caminho, construindo camada sobre camada uma colunata translúcida que se inspira tanto nos drones sonhadores do Cocteau Twins, como nas harmonias perfeitas dos singles do New Order.

 

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7) “I’m good I’m gone” [vídeo] / “Little bit” [MP3]
Lykke Li

Lykke Li, como sua estranha beleza, confunde. Ela não é uma diva, está longe disso, nem uma feminista ferrenha, muito menos uma pop bitch de plástico. Suas duas melhores canções mostram discursos radicalmente diferentes, mas igualmente sedutores. De uma lado a mulher segura, quase cruel (“You’ll be calling but I won’t be at the fone”) de “I’m good I’m gone”, do outro a menina frágil, apaixonada de “Little bit” (“I would give anything to take you as my man”). O incrível é que nenhuma das duas Lykke Li soa dissimulada, mas, ao contrário, é díficil não acreditar nas personagens que ela inevitavelmente representa. Talvez ela seja mesmo todas essas várias mulheres em uma. E, melhor, talvez ela seja real.

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6) “By Torpedo or Chron’s” [MP3]
Why?

“This is a new kind of blues”, constata Yoni Wolf, cantor e compositor do WHY?, em uma parte da letra de sua melhor música. Por mais que siga a linha evolutiva de vai de Bob Dylan a David Berman dos Silver Jews, é impossível não sentir que há um frescor estético na tristeza de “By Torpedo or Chron’s”. Ela é construída a base insatisfação, mas não se engana com prazeres fáceis. É espiritual, mas passa longe de qualquer discurso religioso ou esotérico. É também uma desilusão urbana, mas que não é necessariamente causada por algum mal-estar social generalizado. Parece fruto de uma confusão emocional comum, mas, como se vê, não é tão fácil de explicar. É desvastadora, sim.

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5) “Great DJ” [vídeo] / “That’s not my name” [vídeo]
The Ting Tings

Sim, eles só têm essas duas músicas. Mas quem pode culpá-los por terem escrito os dois melhores hits de 2008? Tanto “Great DJ” quanto “That’s not my name” soam como TCCs aprovados com excelência se existisse uma faculdade do pop. E, espere 2009 e a onda de clones da dupla, para perceber que aqui estão as bases da composição de vários futuros hits.

 

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4) “Janta” [MP3]
Marcelo Camelo e Mallu Magalhães

Mesmo com todas as conotações que “Janta” ganhou após tudo aquilo, nada conseguiu sobrepor o fato que trata-se da música brasileira mais bonita de 2008. Seria fácil escolher pelo case em que ela está inserida, mas o que vale aqui é o poder da melodia e sensibilidade com que tanto Camelo quanto Mallu conduzem a canção. Talvez tenha sido o destino que tenha unido os dois, mas talvez tenha sido só essa melodia.

 

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3) “Hearts on fire” [vídeo]
Cut Copy

2008 foi sem dúvidas um grande ano para dance music. Do luxo da disco aos exageros do maximalismo, todos nós obecemos direitinho a palavra de ordem que o Justice lançou ano passado – DO THE DANCE! – e, bem, nós dançamos. Mas se houve um gênero que reinou sozinho  tanto em termos comercias (via Killers e Keane), quanto em termo de influência, esse gênero foi o synth pop. Talvez por isso, “Hearts on fire” tenha soado como a dance song perfeita, quase idelista. Pegando carona nas longas jams do New Order (lembra bastante “Perfect Kiss”), mas misutrando com influências mais recentes como os Avalanches, o hit do Cut Copy é uma daquelas canções que faz você acreditar, como diz a letra, que uma noite pode sim mudar sua vida.  

 

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2) “Nothing ever happened” [MP3]
Deerhunter

“Nothing ever happened” é o resumo de 40 anos de white noise em menos de 6 minutos. Ao longo da obra prima do idiossincrático Bradford Cox, ouve-se o transe ruidoso de “Heroin” do Velvet, a doçura àspera de “Just like honey” do Jesus, a parede construída à base de insatisfação do shoegaze e até o link com a psicodelia barulhenta de modulada do kraut-rock. Com o revival noise se instensificando em 2009, “Nothing ever happened” surge como um bom e prazeroso guia for dummies, mas que também conquista iniciados na mesma medida.

 

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1) “Time to pretend” [vídeo]
MGMT

Só a mais esquizofrênica das canções pop para representar perfeitamente um ano tão esquizofrênico como 2008. Entre a esperança e o abismo, “Time to pretend” esconde seu desconforto de baixo de camadas e camadas de sintetisadores, para, então, se permitir sonhar com o hedonismo idelista da vida de rockstar. Mesmo que ainda não esteja claro o momento em que vamos acordar desse transe, por enquanto o sabor de esperança tem funcionado. E que seja assim por um bom tempo.


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