20) “Viva la vida” [vídeo]
Coldplay
Na faixa-título e ponto alto do quarto disco de sua banda, Chris Martin se reimagina como um monarca francês prestes a ser decapitado e que só nesse momento limítrofe recupera sua fome de viver. A metáfora pode parecer brega ou exagerada para alguns, mas talvez seja perfeita para o papel que cabe a Martin e ao Coldplay nesse fim de década: se há alguma banda habilitada a fazer música com intuito de passar grandes mensagens, essa banda deve ser a maior delas hoje, no caso, o Coldplay. E, por enquanto, eles estão assumindo essa posição de maneira brilhante.
19) “American boy” [vídeo]
Estelle feat. Kanye West
Apesar do nome dela estar em evidência nos créditose na capa do single, “American boy” está longe mérito de Estelle. O hit maior de 2008 é na verdade o trabalho de dois gigantes da música pop americana, Kanye West e, mais importante, Will.am.I. A base toda vem de uma das faixas do seu disco solo de 2007, mas aqui foi aprimorada com ecos de Daft Punk bem trazidos por Kanye. Some-se a isso ao canto-gemido da rapper londrina – só mais uma dentro de um enorme portfolio – e voi lá, você tem um número 1 dos dois lados da poça.
18) “We are all accelerated readers” [MP3]
Los Campesinos!
Donos da música mais infantilmente divertida dos últimos tempos (“You! Me! Dancing!”, minha 13ª preferida do ano passado), o sexteto galês Los Campesinos! não se mostrou em 2008 uma das banda mais alegres que há por aí. Talvez não seja o caso de tachá-los, mas sim emputecidos como revela a melhor música (depois de “You! Me! Dancing!”) do primeiro dos dois discos que a banda lançou nesse ano. Talvez seja só a revitalização do velho discurso de insatisfação indie pop porfessados por outros (Smiths, Pulp, Belle And Sebastian…), mas não há como não achar os versos “I’m not Bonnie Tyler, and I’m not Tony Braxton / This song is not gonna save your relationship / Oh no…shit / And if this sentimental movie marathon has taught us one thing / It’s the opposite of true love is as follows: REALITY!” menos que fascinantes. Seja você indie ou não.
17) “The age of the understatement” [vídeo]
The Last Shadow Puppets
Um dos hypess que foram provados em 2008 foi que Alex Turner é sim um dos melhores compositores de sua geração. Amparado pelo amigo Miles Kane, Alex mostrou no seu projeto paralelo uma sensibilidade ímpar em compor belas melodias e uma versatilidade em transitar por gêneros não tão evidentes na sua carreira com os Arctic Monkeys (sem falar na esperteza de chamar o produtor James Ford e o arranjador Owen Pallet). Na faixa-título do disco de sua segunda banda, Turner crava outro grande canção, que reimagina suas crônicas de amores juvenis como um western sonorizado por Enio Morricone.
16) “Paris” [vídeo]
Friendly Fires
“Paris” é a prova que alguns ideais duram mais que um verão. Todo mundo já tinha caido de amores pelo doce comprometimento dos ingleses no fim de 2007, mas o hit foi ganhando cade vez mais espaço, principalmente depois do verniz dream pop que o refrão ganhou na versão do disco. A esperança juvenil da letra pode até parecer pueril para alguns, mas, por uma noite, é nada menos do irresistível.
15) “Constructive summer” [MP3] / “Stay positive” [vídeo]
The Hold Steady
Craig Finn é mais conhecido por ser narrador de histórias juvenis da América da era Bush, do que pelo papel em que ele se coloca nas duas canções-chave do disco mais recente do Hold Steady. Com a benção de Joe Strummer e Bruce Springsteen, Finn mostra aqui seu lado conselheiro de uma geração desacreditada e pede, se possível, positividade. Rock de arena perfeito para esses tempos de crise.
14) “Paris is burning” [vídeo]
Ladyhawke
Mais do que o hit DELICIOSO que é, “Paris is burning” é anúncio oficial do casamento das suas cenas dance mais efervescentes do globo. De uma lado a menina australiana deslumbrada, do outro a França e toda sua história de contribuição à música eletrônica. Que venham os filhos da união.
13) “Lights & Music” [vídeo]
Cut Copy
Por mais que a palheta musical do Cut Copy vá muito além disso, “Lights & Music” é só electro hedonista que o mundo devia estar cansado em 2008. É só one-night-only music, mas, da mesma maneira misteriosa que o refrão cafona se infiltra no seu cérebro, você é levado a ouvi-la muito, muito mais do que uma única noite.
12) “An animal in your care” [MP3]
Wolf Parade
A maneira como Wolf Parade opera para fazer pouco sentido alguns, mas como eles provaram em seus dois discos tem funcionado muito bem até aqui. Decantando o exagero dos seus projetos paralelos (o Sunset Rubdown de Stephen Krug e o Handsome Furs do Dan Bockener), os dois compositores do Wolf Parade guardam para a “banda principal” suas obras mais bem acabadas, como nos mostram em “An animal in your care”. Longe do prog-descontrol do segundo disco do Sunset Rubdown (o caótico, mas interessante “Random Spirit Lover”), Stephen Krug faz aqui uma das mais ricas canções de amor do ano – assombrada, obssesiva, bonita a sua maneira.
11) “White winter hymnal” [vídeo]
Fleet Foxes
Como os Beatles e os Beach Boys nos ensinaram, uma boa melodia é capaz de milagres e “White winter hymnal” é o milagre em si – em menos de 3 minutos todos as suas significações prévias se desmancham no ar e você se sente simplesmente feliz, livre e emocionalmente satisfeito. O papo pode até parecer esotérico, mas não creio que seja possível analisar racionalmente, por exemplo, “God only knows” ou “Strawberry fields forever”, companheiras e inspirações de “White winter hymnal”.
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