Quem: Nervoso e Os Calmantes
Disco: “Nervoso e Os Calmantes”
Lançamento: fim de janeiro/início de fevereiro
Selo: Midsummer Madness
O que dá para esperar: todo o clima jovenguardista, levemente soul, altamente sixtie que marcou o “Saudades Das Minhas Lembraças”, agora bem gravado e com uma banda completa.
O que já dá para ouvir: “O grande herói”, “Minha tranquilidade”, “Kit-homem” e “A canção do vento” no myspace da banda.
Do show de lançamento do já clássico “Saudade Das Minhas Lembranças” até as vésperas do show de lançamento desse segundo disco (que deve acontecer no dia 23 de janeiro, mais conhecido como hoje, no Forte de Copabana), pode-se dizer que deu para sentir saudade do Nervoso. “Foram quatro anos e cinco meses de hiato”, ele precisa. Nesse meio tempo, algumas coisas mudaram em relação ao universo do músico carioca. A mais importante delas e de onde derivam quase todas as outras é que agora Nervoso solo, como projeto musical, fica em segundo plano para dar espaço ao Nervoso e Os Calmantes, banda atualmente formada por ele (voz, violão, synths, percussões), Alê de Morais (guitarra, e violão), Kiko Ramos (baixo), Sérgio Martin (bateria) e The Alterto (teclado e piano).
O disco foi gravado em várias sessões durante os três últimos anos 2006, 2007 e 2008 no estúdio Soma e aposta nesse clima saudável de criação mais coletiva que é tão comum a atual produção brasileira:
Esse é o primeiro disco do grupo Nervoso e os Calmantes, então ele é já emblemático por ter sido justificativa para uma produção mais democrática, apesar de eu sempre dar a palavra final. Houve contribuição mútua por parte dos integrantes e produtores/sócios do estúdio desde o início. Um carinho significativo com resultados bem satisfatórios que já rende frutos naturalmente, por conta da eternização do conteúdo artístico.
Das 15 faixas que compoem álbum, três são assinadas (uma delas do repertório do Carne de Segunda) por Gustavo Benjão, hoje um dos guitarristas do grupo de, uhm, indie-carimbó (segundo o Lúcio) Do Amor, que o Bloody Pop entrevistou meses atrás. Benjão participou de todo processo de gravação do disco, mas teve que deixar a banda para se dedicar a banda do coração e àquelas milhares de outras bandas que os integrantes Do Amor participam.
Benjão é um dos músicos que dá os depoimentos mais apaixonados no mini-documentário produzido pela Ghetto Filmes sobre as gravações de “Nervoso E Os Calmantes”.
Para terminar, com exclusividade ao Bloody Pop, Nervoso conta mais sobre a história cada uma das faixas que estará no disco, incluindo nisso a participação dos filhos dos integrantes da banda, músicas que misturam Air, Azymuth e Marcos Valle e até uma perseguição infundada ao Zé Ramalho!
“Nervoso e Os Calmantes” por Nervoso
01. “Antes” (The Alberto)
O tema de abertura do disco foi um dos lindos achados no meio de tantas pérolas cinematográficas compostas pelo nosso tecladista The Alberto. Essa foi uma das faixas que levamos para o estúdio AR, na Barra, um dos poucos a disponibilizar uma boa sala pra gravação de piano acústico. Tivemos também a participação de um quarteto de cordas.
02. “Universo Vocacional” (Nervoso)
Essa é a faixa mais longa do disco com quase sete minutos. Compus depois de um sonho conturbado envolto a perturbações ocasionadas por experiências vividas no mundo corporativo. Entao essa música é um tributo àqueles que de alguma maneira já tiveram seus sonhos interrompidos ou desviados por conta de algum envolvimento no trabalho.
03. “Eu Que Não Estou Mais Aqui” (Benjão)
O Benjão saiu da banda para tocar pra frente seu projeto Do Amor, mas continua na “família” e deixou lindas lembranças, arranjos inesquecíveis e três composições lindas, como essa. Convidei o amigo Stephane San Juan, que é mestre em percussões latinas, já tocou com Amadou & Marian e hoje está com a Orquestra Imperial, Os Ritmistas, etc.
04. “Peça de Tabuleiro” (Nervoso)
Uma homenagem aos amigos do Canastra, um das bandas mais fodas que conheço. A letra foi toda elaborada em cima dos jargões clássicos do meu irmão Renato (principal compositor da banda), como “nuvem negra”, “roleta russa”, “sede de sangue”, “diabo apaixonado”. Tem a participação do americano Rob Carlson, amigo do Guilherme Vaz (sócio do estúdio Soma e um dos produtores do disco), que já morou na gringa. Convidei também o Alyson Campos, que volta e meia sobe no palco do Canastra com seu violino.
05. “Candidato a Amigo” (Nervoso)
Sobre a forma mais nobre de amor, a amizade. Sabe aqueles amigos que estão sempre por perto na hora e te ajudar a ir para o buraco? Tem aqueles que a gente não sabe muito bem por que estão por perto. Isso acontece muito com gente famosa (ehehe). Outra com participação do quarteto de cordas. Os arranjos haviam sido elaborados há tempos, junto com o Alberto e agora foram colocados em pauta com ajuda do meu mestre Rodrigo Russano.
06. “Kit-Homem” (Nervoso)
Mais uma com piano acústico, coro da Nina Becker e uma dinâmica percussiva bem típica do nosso baterista Sérgio Martin. Lembro bem de quando escrevi essa letra, pois havia me separado do meu filho e da mãe, estava apaixonado por uma garota que acabou se envolvendo com os conflitos da época
07. “O Grande Herói” (Nervoso)
Sobre ser pai e filho ao mesmo tempo. Um tributo a paternidade, com lindo tema de piano executado pelo Alberto.
08. “Um Sonho de Transatlântico” (Nervoso)
Um pura e simples canção de amor a la Roberto Carlos, com tema de trompete gravado pelo Fernando Oliveira, do Canastra.
09. “Canção do Vento” (Bernardo Vilhena/Nervoso)
Fruto de encontros e caipirinhas com meu querido “tio” Bernardo. Ele mesmo gravou a locução presente no meio. Queria o Zé Ramalho nessa, pois essa música é uma espécie de homenagem e tal. Tentei, mas não consegui. O cara deve ter achado que eu sou louco, pois cheguei a descobrir onde ele mora e deixei um disco com a música, mas não obtive retorno, infelizmente. O resultado ficou ótimo, de qualquer modo.
10. “A Minha Saudade” (Bernardo Vilhena/Nervoso)
Outra parceria minha com tio Bernardo, essa com participação do Lafayette no piano e quarteto de cordas. Fruto de um texto que encontrei no computador do Bernardo, consequentemente transformado em letra de música.
11. “Teimosia” (Nervoso)
Mais uma com o trompete do Fernando Oliveira e muitas guitarras do Benjão, a la XTC.
12. “Uma Simples Questão” (Nervoso/Nina Becker)
Provavelmente a sessão de gravação mais divertida do disco, com presença dos nossos filhos Guilherme, Lucas e Vinicius, que fizeram coro e anarquizaram o estúdio. Tem imagens desses momentos no making of do disco.
13. “Minha Tranquilidade” (Nervoso)
A turma do Canastra gravou metais nessa. Bem simples e rápida.
14. “Bloco Neguinho” (Benjão)
Essa chama atenção pela referência setentista a la Steve Wonder. Era um clássico interpretado – em outra versão, mais latina – pela turma do Carne de Segunda, que hoje em dia montou o Do Amor. Essa é a única que conta com programações de bateria eletrônica e baixo, mas mixados com intrumentos acusticos também. O Sérgio tocou batera em cima da base, chamamos amigos para gravar o corão final. Foi a que mais deu trabalho na hora de mixar. Chegamos a ter nove versões e escolhemos a oitava!
15. “Despertar” (Benjão)
Essa é o canto de despedida do disco. Para botar no repeat e voltar para a primeira música. Penso muito numa mistura de Air, Azymuth e Marcos Valle quando a ouço.
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