Quem: Caetano Veloso
Disco: “Zii e Zie”
Previsão de lançamento: março
Sai por onde: Universal Music
O que esperar: depois do, uhm, inde-rock-mpb de “Cê”, Caê olha o samba através da lente de sua nova banda, formada por Pedro Sá e dois integrantes Do Amor.
O que já dá para ouvir: todo o repertório em versões ao vivo noYouTube, com exceção de “Diferentemente” e “Ingenuidade”
Caetano é certamente um artista que gosta de se compartilhar opiniões em púlico, o que, afinal, é normal para um artista. No entanto, com perdão da rima, um ano não é um ano se não tiver pelo menos uma polêmica nos jornais envolvendo (a opinião do) Caetano.
2008 não foi diferente nesse sentido, mas foi sim diferente em todos os outros aspectos por que dessa vez Caetano não quis falar só com o Tom Zé, por exemplo. Ele quis conversar com você e comigo, quis que nós opinássemos na sua obra, estabelecessemos um diálogo criador-espectador tão em voga nos anos 2000.
Começando com uma temporada de shows no Rio de Janeiro, o projeto “Obra Em Progresso” foi a maneira encontrada por Caê para escancarar o seu processo criativo para quem quisesse ver e, às vezes, participar. Ao vivo, apresentava canções inéditas, compostas em sua maioria dias antes das apresentações, chamava antigos e novos parceiros, e jogava luz para momentos menos lembrados de sua obra e da música brasileira. No blog, comentava tudo sobre as novas canções, postava vídeos, respondia comentários e entrava naquelas polêmicas de sempre.
Vi o show numa das datas de junho e gostei bastante. A maioria das inéditas era boa, os convidados (no dia Arnaldo Brandão, Karina Zeviani, Jorge Mautner e Nelson Jacobina) funcionaram e Caetano estava especialmente feliz e divertido. Mais: a impressão que dá é que Caetano se sente criativo depois de muito tempo, revigorado com seus novos parceiros. Lembrou um pouco a sensação de ver o Dylan entortando as próprias canções no palco, ou de assistir um víde do David Byrne fazendo coreografias toscas. Apenas um artista sendo e se sentindo artista novamente.
O disco originalmente chamado “Transamba” (Caetano trocou de título após descobrir um homônimo) foi gravado no estúdio Mega no Rio de Janeiro com a produção de Pedro Sá, guitarrista da banda que tem acompanhado Caetano desde as gravações de “Cê” (os outros dois são o baixista Ricardo Dias Gomes e o baterista Marcelo Callado, d’DoAmor).
Embalado por esse disco, Caetano compôs várias e variadas canções, todas elas disponíveis em versões ao vivo no canal do projeto no YouTube, do qual pinço alguns vídeos abaixo. Entre as novidades, minhas preferidas são “Sem cais”, composta em parceria com Pedro Sá, “Lapa” e “Perdeu” (que tem um longo solo de guitarra no final, quase Wilco de “A Ghost Is Born”). Ainda vale um destaque para “Amor mais que discreto”, já conhecida da turnê de “Cê”.
Caetano explica “Obra em progresso”
“Sem cais”
“Lapa”
“Amor mais que discreto”
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