
Los Hermanos
Então lá estavam eles, de volta aos palcos depois de quase 2 anos. E lá também estavam eles, de volta aos berros depois de quase 2 anos (ou do show do Little Joy). É quase impossível hoje pensar os Los Hermanos distantes dos seus fãs, e no primeiro show no Just A Fest não foi nem um pouco diferente.
Quando a banda entrou e começou a tocar as primeiras notas já não se conseguia ouvir mais nada além dos gritos histéricos (“Amarante!”, “Camelo!”, “Aaaaaah!”) e da letra de “Todo Carnaval Tem Seu Fim” cantada com uma uma devoção que não se veria igual nem no show do Radiohead.
O som decepcionou: baixo, embolado, sem tesão, só melhorando a partir de “O Vento”. A banda estava claramente desentrosada, mas parecia feliz e confortável em seus velhos trajes, e felizmente sem os sorrisos ensimesmados dos shows antes do recesso. O repertório foi bem escolhido – resgatar várias coisa do “Bloco Do Eu Sozinho”, disco brasileiro mais emblemático da década, quando a década vai se acabando foi realmente uma grande sacada – mas desagradou as viúvas do primeiro disco, que esperavam “Pierrot”, “Bárbara”, “Quem Sabe” e “Anna Júlia”. Ainda, houve espaço para algumas mudanças de arranjo, como em “Asssim será”, com solo final estendido.
O importante, mesmo algumas sutilezas tenham se perdido devido ao som e a má execução, foi lembrar que aquelas canções ainda são boas demais para serem esquecidas. Podem demorar um pouco ainda para voltarem a ser tudo que eram antes do culto ter sobreposto a música, mas deu para sentir que eles ainda conseguem. Se quiserem. (Por Livio Vilela)

Kraftwerk
Entre o xiitismo dos fãs dos Los Hermanos e os curiosos para ver as dancinhas de Thom Yorke e a guitarra rasgada de Jonny Greenwood, o Kraftwerk era a atração menos esperada pela maioria do público do festival. E a banda que teve menos tempo de apresentação: cerca de uma hora e dez minutos. De certa forma, ponto positivo para os robôs alemães, já que a maioria de suas músicas foi tocada de forma compacta e direta. No início, algumas falhas na projeção dos telões e algumas reclamações com o retorno (os gestos de um dos integrantes para o técnico de som era perceptível pra quem estava próximo ao palco), mas do meio do concerto pra frente, as coisas se acertaram, a apresentação engatou, e o público até arriscou alguns passos de dança.
Ora beirando uma rave (“Tour de France Étape 2”, “The Robots”), ora ecoando os últimos suspiros do revival dos anos 80 (“The Model”, “Les Mannequins”), o show conseguiu embalar os fãs de longa data. O público em geral mostrou certo interesse nas batidas proto-eletrônicas de Ralf Hütter e companhia, embora morrendo de ansiedade para ver a principal atração da noite. Mas não deixaram de se surpreender com algumas coisas na apresentação. Principalmente logo no início na emenda de “Numbers” e “Computer World”, quando a Apoteose quase (eu disse QUASE) virou um baile funk e com a substituição dos membros da banda por manequins robóticos operando coreograficamente os laptops Waio em “The Robots”, o momento mais ovacionado da apresentação.
Nem tédio, nem catarse. Foi o contraponto perfeito da noite beirando a perfeição na Apoteose. (Por Filipe Torres)
Radiohead
Fotos Radiohead: esse flickr
Sobrou algo genuinamente importante para dizer? Foi clássico, em todo e qualquer sentido da palavra clássico. Por ter sido a primeira vez, por ter sido como foi, ou simplesmente por ter sido.
Tudo conspirou a favor, e mesmo que tudo mundo tivesse mais ou menos um script do que seria mostrado ali – 3 de cada disco pós-“Pablo Honey”, alguns hits (mas não todos), “In Rainbows” completo e um show de luzes – foi melhor, maior e mais emocionante do que qualquer um poderia esperar.
O que dizer além disso? Que o Thom Yorke ficou visivelmente emocionado com o coro em “Karma Police”? Que “Idioteque” é pancadão ao vivo? Que o “In Rainbows” é realmente um dos melhores discos da década (se pá, melhor até que o “Kid A”)? Que quando Yorke começou a errar no fim de “Eveyrthing In Its Right Place”, nós gentilmente o corrigimos e o que era erro se transformou em pura catarse? Que fechou com “Creep” e, mesmo que não seja de longe a minha preferida, foi EMOCIONANTE PRA CARALHO?
Desculpe o fanboyzismo, mas foi exatamente assim. Pode perguntar para as 20 mil outras pessoas.
E amanhã tem mais! (Por Livio Vilela)
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