Talvez seja a crise econômica fazendo suas vítimas no mundo das artes. Talvez seja só mentira. Fato é que há um certo burburinho dark vindo das revistas e blogs ingleses (e o resto das publicações brasileiras que se pautam por eles) que relatam de que o Reino Unido e sua juventude passam por um momento muito, muito triste de sua história e alguns artistas usam isso como inspiração para sua música. Na linha de frente desse movimento, estaria o Glasvegas, banda escocesa que conquistou alguns corações com o JAMC-de-estádio do seu disco de estréia, lançado no meio do ano passado. Logo depois deles, o White Lies, trio londrino apontado como promessa e que acaba de lançar “To Lose My Life”, uma coleção de 10 músicas, uhm, tristes.
O trocadilho é óbvio, mas cabe: a tristeza do White Lies, não se engane, é de mentirinha. Uma mentira fácil de engolir, mas ainda uma mentira. Tudo em “To Lose My Life” soa forçado, como se os três integrantes estivessem executando um plano para ganhar dinheiro com a depressão de outros.
Está tudo aqui: letras que parecem roubadas de uma antologia de poesia romântica ruim (“Let go old together/And die at the same time” é a minha preferida), vocal empostado Ian-Curtis-style indicando a suposta gravidade dessas palavras e um post-punk de botique do mais fuleiro, com ganchos e refrões chicletes que fariam um fã de Goo Goo Dolls (“Iris”, lembra?) corar de vergonha alheia.
É como se no pior dos pesadelos, o Cure (ou o Bauhaus, ou o Sisters Of Mercy) tivesse se transformado numa boy band para gravar a trilha de “Crepúsculo”. Ou se talvez já vivêssemos um revival de 2005, quando o Interpol ainda era realmente relevante e o Editors, o Boy Kill Boy, e o Departure eram bandas promissoras. Pensando nessas possibilidades, a morte que eles tanto cantam não parece uma alternativa tão ruim assim.
“Tudo tem que ser amor ou morte”, crava o vocalista Harry McVeigh em “Death”, faixa de abertura do disco e maior hit da banda. Ele não nos deixa escolha: que seja ódio e vida então.
[“To Lose My Life”, White Lies. 10 faixas com produção de Ed Buller e Max Dingel. Lançado pela Fiction Records em janeiro de 2009]
[rating: 1/5]
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