O Everything Everything é hoje a banda britânica mais promissora de todas. Ponto. Eles só têm dois singles lançados, “Suffragette Suffragette” e o novo “Photoshop Handsome”, além de alguns b-sides e demos, mas tudo que dá para ouvir confirma que eles têm tudo assumirem a tarefa complicada de recolocar o art-rock britânico nos trilhos, depois do ocaso do Bloc Party e de toda essa última geração ráquitica de sub-Arctic Monkeys.
Apesar de serem todos de Newcastle, Jeremy Pritchard (baixista), Jonathan Higgs (vocalista), Mike Spearman (baterista) e Alex Niven (vocalista) montaram o grupo depois de terem se formado em música na Salford University, em Manchester. A banda começou tocando math-rock pretensioso, para no começo do ano passado adotarem uma pegada mais acessível. No entanto, quem espera o rockinho básico que ainda toma conta dos charts ingleses, vai se arrepender, ou então, mais provável, ficar positivamente surpreendido.
Pegue o primeiro single e possível hit “Suffragette Suffragette” como exemplo. A faixa é toda conduzida por uma linha de baixo pesada, levemente dançante, que remete a uma comparação com o Foals, mas longe da sombra do Gang Of Four destes. A guitarra cria clima e faz cama para as vozes harmonisadas, talvez herança dos amigos Futureheads. Daí vem o refrão e faixa dá uma guinada 360°. Não se trata de uma simples “explosão” como se ouve em qualquer single de indie rock por aí. O que era um vocal quase sussurado, vira um berro com o pedaço de letra mais ridículo dos últimos tempos (e que talvez por isso, seja perfeitamente grudento): “Who’s gonna sit your faaaace, when I’m gone? Who’s gonna sit on your face when I’m not theeeeeere?”. Você não muitas bandas cantando coisas assim por aí. Enquanto isso, as guitarras tocadas con discrição, rugem e jogam a música para o lado do post-rock mais agressivo, quase lembrando os momentos mais diretos do metal cabeçudo do Mastodon ou do Comets On Fire. É movimento preciso, berutal e ainda sim, belo. Impossível de ouvir uma só vez.
Já o novo single “Photoshop Handsome” já vai numa outra direção. Lançada no meio de março, a música soa como um XTC mais tenso, mas também não passa longe de alguns momentos do último disco do Coldplay. Como Pink Floyd, Bowie, New Order, Radiohead e o próprio XTC antes deles, o Everything Everything opera nessa linha turva do que é considerado “artístico” e o que é “pop”. E melhor, estão conscientes disso.
Em entrevistas, dizem que sua missão é levar o “unconventional pop” ao topo das paradas, ao mesmo tempo em que demonstram um genuíno (e saudável) gosto pelo R&B americano, de R. Kelly a Michael Jackson. No blog do myspace, além de relatos dos últimos shows e das gravações, abrem espaço para longa (e boas) análises dos que andam ouvindo e ainda tiram onda com a cara do pessoal do Kings Of Leon, brilhantemente zoados nesse post.
O disco deve sair ainda esse ano (eles já têm contrato assinado com o selo Salvia, parte do gigante Beggars Group), pelo menos é o que indicam os vários relatos de gravações no blog. Ninguém vai se assustar se estiver no topo de algumas listas por aí. Enfim, ouça:
[MP3] Everything Everything – Suffragette Suffragette
(Botão direito do mouse, “Salvar destino/link como”)
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