Disco: "Cinema", Cachorro Grande

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Se você escutou “Todos Os Tempos” (2007, Deckdisc), com certeza vai estranhar o novo disco do Cachorro Grande, “Cinema” (Deckdisc). Esqueça as guitarras marcantes, o som sujo, a bateria pesada. Os gaúchos mudaram, mas mudaram para melhor.

Para começo de conversa, saíram da capital paulista e voltaram para o seio familiar em Porto Alegre. O disco foi todo gravado no estúdio Acit, na capital gaúcha com aparelhos analógicos. Tudo para dar um ar “vintage”, bem anos 70, como eles queriam. Poderia ser um retrocesso, mas não para o quinteto.

“Cinema” é o disco mais limpo, redondo e bem mixado feito por eles. Um dos motivos para os outros não terem seguido a mesma linha é simples: não havia grana. Mas não foi só por isso, já que as influências do quinto álbum vêm de bandas como Pink Floyd, Led Zeppelin e Jethro Tull, quando todas tocavam o chamado “space rock”.

O disco recebeu um tratamento especial e, na hora da mixagem, ganhou sons de vento, motocicleta, gaivotas, que formam a cenário para as novas canções. “O disco não poderia mesmo ter outro nome”, como afirmou Marcelo Gross, guitarrista da banda.

“Dance Agora”, a música de trabalho, já deu um susto em muita gente por aí. Ela começa com vários efeitos saídos de teclados e sintetizadores. É o Cachorro Grande te chamando para sair de casa, beber e dançar até não aguentar mais. Seguem o mesmo clima “Ninguém mais lembra de você” e a mais “estranha” para os ouvidos despreparados, “Eileen”.
A pegada rock está bem presente na curtinha “A alegria voltou”, “Diga o que você quer escutar” e na música composta pelos cinco integrantes da banda “A Hora do Brasil”.

Ainda tem um clima nostalgia com “Por onde vou”, que traz o verso: “Eu agora estou aqui, no lugar de onde vim”. “Amanhã” tem um clima Beatles, quando o quarteto sofreu as influências indianas e colocou cítaras no meio do rock. No fim, trata-se de um disco de uma banda madura, fazendo exatamente o que queria fazer.

[“Cinema”, Cachorro Grande. 12 faixas com produção de Rafael Ramos. Lançado pela Deckdisc em junho de 2009]

[rating: 3.5/5]


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2 respostas para “Disco: "Cinema", Cachorro Grande”.

  1. Avatar de gabriel
    gabriel

    Não é possível. Acabei de escutar o disco e dificilmente ele retornará. Vejo-o capenga, sem a criatividade e o destaque sonoro que permearam a banda até o Pista Livre.
    (não à toa, os shows declinaram)

    Achei que uma e outra se salvam, há letras bem fracas, e foi difícil escutar até o fim. Eu que gosto e vi shows fodidos da banda, não recomendo aos chegados. Mas enfim, pode ser que o ângulo de cá, donde vejo, nao esteja favorável.

    abço!
    gabriel ruiz

    1. Avatar de Pcamaratta
      Pcamaratta

      @gabriel,
      Ouvi o CD e achei o som meio estranho. Cadê a Cachorro que eu conheço, com seus rocks e baladas de grude fácil? Ouvi novamente e achei estranho. Não pode ser, tem alguma coisa muito diferente…Na quarta audição o som já era muito familiar, como se eu já o tivesse escutado a minha vida toda. Claro, pô!! Na quarta audição até o Tiririca pode se tornar legal, coisas de educar o ouvido… NÂO! NÃO MESMO!! O album dos caras está muito eclético. Muita viagem, muitas referências, muita sonoridade antiga. O som meio abafado, que só a gravação em rolo consegue, está presente. “Abafado” digo eu, aveludado dizem outros (mais tecnicos). É abafado mesmo. Parece que falta qualidade técnica. Parece? Falta mesmo. De propósito. Coisa meio chinelo, meia mal feita, meio nas coxas. Então o album é uma mer…? Veja bem… Acho que… Peraí!! Stop! Vamos começar de novo. É o melhor album da Cachorro, sim. Muito, muito bom. Só tem um defeito: o som não “cola” na hora. É preciso se acostumar, saborear aos poucos, devagar, devagarinho. Quando “colar” no ouvido, não se preocupe. Aumenta o SOM que isso aí é Rock and Roll…

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