Mal posicionado no mesmo final de semana que o show Little Joy – uma banda mais conhecida, já aprovada pelo público, pelo mesmo preço – o Popload Gig foi surpreendentemente bem sucedido em sua primeira incursão por terras cariocas. No palco de Circo Voador quase lotado, três bandas que tinham em comum o fato de serem típicas “banda de festa” e com exceção de uma delas, pode-se dizer que a festa foi pra lá de bombada.
Era até meio óbvio que o show do Brollies & Apples – quarteto de eletro-grunge (ahn?) formado pelos (ex?) Leela Bianca Jhordão e Rodrigo Brandão e pelo DJ Chernobyl e sua esposa, Carol Teixeira – seria um mico, mas tudo foi um pouco além do absurdo. Além do fato de não terem nem metade de uma música decente (não entendo como Peaches marcou tanto algumas pessoas, não entendo), todo o misancéne “somos dois casais sexy tocando música sexy e simulando sexo a quatro no palco” é simplesmente constrangedor para quem está fora do palco. Para os quatro, deve ser realmente divertido – ganhar dinheiro fácil com os amigos tocando música ruim, insinuando sexo e bebendo champagne enquanto isso – mas para para o público, só funciona com uma boa dose de voyerismo.
Uma situação bastante diferente do Copacabana Club, diga-se. Não escondo que a banda curitibana tenha me causado uma certa desconfiança inicial, mas ganhou um admirador na noite de sábado. Por mais que o som não tenha ajudado – as guitarras estava altas demais, certo? – o grupo fez um show divertido demais para ser ignorado. Ao contrário do Brollies & Apples (e de várias outras bandas que celebram a si mesmas), o Copacabana Club faz questão que você se divirta tanto quanto eles. Mesmo com a perna quebrada, a vocalista Cacá cruzava o palco distribuindo sorrisos, fazendo cena com os dois guitarristas, conversando com o público… uma simpatia só. Se o repertório do EP lançado ano passado não convence totalmente (“Come Back” e o hit “Just Do It” apagam o resto), novidades como “Tropical Splash” prometem um verão melhor ainda.
O Friendly Fires subiu ao palco depois do que foi provavelmente a passagem de instrumentos mais meticulosa da história (o roaddie tinha TOC, fato) e fez um daqueles shows que o público cariocas já se acostumaram a ver no Circo Voador. Pegue uma banda internacional no auge e coloque para tocar no Circo Voador (já foram Franz Ferdinand, The Rakes, The Magic Numbers, LCD Soundsystem, Justice, Bloc Party), faça os presentes esperarem até o começo da madrugada pelo show, ligue os amplicadores e voi lá, você provavelmente acabou de fazer uma noite incrível. Talvez seja mérito do público carioca carente de bons shows, talvez seja o clima sempre legal do Circo, talvez sejam as bandas se divertindo fora de casa. Fato é que não há muito como dar errado.
Um trio em disco, ao vivo o Friendly Fires é sexteto (sem contar um sétima pessoa que não vemos, disparando as programações), com direito a naipe de metais. Isso faz uma grande diferença para encorpar o som do grupo, que tinha tudo para não funcionar ao vivo. Mais centrado numa sessão rítmica bem amarrada do que no disco, o show é curto e nervoso, com o vocalista Ed Macfarlane solto no palco, fazendo uma série de dancinhas-vergonha-alheia enquanto despeja os lamentos de suas canções sobre amores de pista. Os hits (“Paris”, “Lovesick”, “Board” e “Skeleton Boy”) foram cantados a plenos pulmões como mereciam e a músicas menos interessantes ficam bem melhores ao vivo. Supostamente influenciado por música brasileira, o novo single “Kiss Of Life” não teve bateria de escola de samba e mulatas como alguns esperavam, mas prova que a banda está evoluindo. Mais do que a batucada, eles acertam quando as melodias parecem pairar no ar, como no refrão quase sem palavras da canção. Que venha um segundo disco. E um segundo show, quem sabe?
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