Apesar do pouco público, a estréia do Holger em terra cariocas, a micareta do Gogol e shows pra lá de competentes de Super Furry Animals e El Mato A Un Policia Motorizado garantiram o sucesso da segunda edição do Festival Indie Rock.
Holger
Precisa dizer que valeu a espera? Enfim, os poucos que já estavam na Fundição Progresso quando o Holger finalmente subiu num palco carioca podem fazer coro comigo que valeu sim esperar esse tempo todo por um show dos caras.
A apresentação foi curta e suada como já era esperado, com os cinco honrando a característica de serem “uma banda que celebra a si mesma” – eles dão tudo de si, como se não se importassem se o mundo fora dali pudesse estar acabando, por exemplo. O ponto é que ao mesmo tempo em se divertem uns com os outros, eles conseguem fazer com que o público se divirta também, mesmo que esse público não esteja familiarizado com as canções. Óbvio que houve alguns cantando “The Auction” e “War” (não foram tão poucas as pessoas que estavam ali por eles), mas a maioria dos presentes que estavam ali por Gogol Bordello ou SFA e esses devem ter ficado ainda mais impactados com o que viram. Em especial no fim do show, quando Pata e Svenner pularam abraçados com quem estava na grade.
Eles pretendem voltar logo, não se preocupe.
El Mato A Un Policia Motorizado
Depois da desordem pública do Holger, o El Mato A Un Policia fez um show incrível e comportado. Até que o Holger invadiu o palco durante uma das faixas e fez a baderna que, naquele ponto, todo mundo já estava familiarizado.
O resto da apresentação seguiu tranquila, com a banda executando com maestria sua mistura de indie rock raça pura (Pavement, Replacements), folk e kraut-rock. De qualquer forma, o sentimento que fica depois de uma apresentação sensacional como essa é que é bastante triste o descaso com que nós brasileiros tratamos o resto do rock latino-americano. Não me isento culpa, já que do El Mato tinha ouvido apenas o último, o ótimo EP “Noche De Los Muertos”, cuja a faixa de abertura, “Dia de Los Muertos” fechou o show de sexta.
Super Furry Animals
Não adianta reclamar que foi curto, que a acústica da Fundição destrói qualquer show, que os fãs de Gogol Bordello parecia absortos ao de “The Man Don’t Give A Fuck”, por exemplo. Isso tudo já era previsto e quem se entusiasmou achando que aquele seria o show do Super Furry Animals que todo fã merecia, fez mal.
Assim, expectativas a parte, foi um grande show. As faixas do disco mais recente, “Dark Days/Light Years”, são ótimas e ficam ainda melhores ao vivo. Até “Inaugural Trams”, patinho feio do álbum, soa divertida, ganhando um bônus pela gracinha que o vocalista Gruff Rhys faz ao levantar uma placa com a foto de Nick McCarty do Franz Ferdinand, que canta a parte em alemão da faixa.
O resto do repertório é focado no “Rings Around The World” e “Phantom Power” (só hits: “Juxtaposed With U”, “Golden Retriever”, “Slow Life”), com a ótima “Zoom” do subestimado “Love Craft” sendo o melhor momento da noite. Talvez para agradar os que esperavam um show com um ar mais noventista, a banda encerra a apresentação com o hit “The Man Don’t Give A Fuck”, destruidora.
Gogol Bordello
Passado o SFA, era hora de me afastar do palco e deixar que os fãs de Gogol Bordello tomassem o espaço, que ficou cheio até às 4h, quando o show teve seu fim com Eugene Hutz e trupe emendando uma homenagem ao frevo brasileiro.
Antes disso, o show foi basicamente como é descrito por aí: rodinha punk 95% do tempo (a exceção é quando Eugene fica sozinho com seu violão em “Alcohol”, já no bis), a banda se mexendo o tempo todo palco e todo mundo celebrando sabe lá o que. Entendo que deve ser divertido estar ali no meio, compartilhar essa energia toda, no entanto, quem não está habituado, como eu, fica sem saber onde se segurar no meio da anarquia. Ao contrário de outras bandas que se utilizam da tática tudo-acontecendo-ao-mesmo-tempo-agora no palco – artistas tão distintos como Móveis, Arcade Fire e o próprio Holger – o Gogol Bordello parece basear toda sua existência nisso. As músicas são repetitivas (eles têm 3 ou 4 dinâmicas, que se alternam entre as faixas) e só chegam a sobrepujar a performance quando ecoam o momento em que o The Clash percebeu que o punk podia se algo mais – e essas são raras.
Mas enfim, também não dá para dizer que deu vontade de pedir o dinheiro de volta.
Mais fotos no flickr.
Comments
3 respostas para “Festival Indie Rock @ Fundição Progresso, 13/11/09”.
Resenha perfeita. Fiquei até receoso de escrever a minha, já que quase tudo o que diria já foi dito por aqui (micareta incluida… é incrível como o Gogol tem vocação pra trio elétrico). Só não consigo ver onde que todo mundo enxerga folk e kraut-rock no El Mató… no Rio Fanzine tinha algo como “kraut-campestre” escrito sobre eles, viagem total… vejo é muito do college rock americano, tipo Pixies, Sonic Youth, Dinosaur Jr. com alguma coisa britânica (o guitarrista parece cria do Jhonny Greenwood, tanto na aparência, quanto na técnica)… mas enfim… apesar do Gogol, valeu o ingresso…
Seu viadinho de merda, gogol bordello foi o melhor show e você com essa boiolagem
servindo bem para servir sempre