Quando eu propus para toda equipe do Bloody Pop a idéia fazer essas mixtapes e escrever sobre esses discos da década passada, nunca achei que fosse tão difícil escolher só dois ou três álbuns e, principalmente, só uma dúzia de músicas. Por isso, como sou the boss of this shit, me permito quebrar a regra e fazer uma MIXTAPE DUPLA E COM BONUS TRACK. 12 + 12 + 1 = 25 músicas! AE!
E não é uma simples mixtape, é uma Mimimixtape. 24/5 canções que, você já sabe, fizeram parte da minha história.
(Sim, sou eu com 2 anos e GATO na foto da capa)
[MP3] Mimimixtape – Disco 1
01. Beck – “The Golden Age”
A faixa de abertura do melhor do Beck na década é basicamente a melhor faixa para começar ou (re)começar qualquer coisa. Seja um texto, uma fase ou uma mixtape. “Mãos no volante, deixe a era de ouro começar”, ele canta.
02. Brendan Benson – “Metarie (UK Version)”
Quando todo mundo finalmente descobriu o brilhantismo de Brendan Benson em 2006, o cara já tinha feito sua melhor canção há quase 5 anos. “Metarie” é a balada que Rivers Cuomo sempre quis compor, mas nunca conseguiu – uma cruza de power pop clássico (Macca, Byrds e Big Star) com sensibilidade nerd noventista que é simplesmente incrível. A importância da faixa pra Brendan é tão grande que “Metarie” existe em 6 versões diferentes (“UK Version” ou “Album Version”, “Welfed Version”, “Fred de Faye Mix”, “You Got It Bad Version”, “Post-Jet Lag Version” e “Alpha’s Dub Mix”), todas elas incríveis. A escolhida é a UK Version, presente também na edição brasileira de “Lapalco”, clássico álbum de 2002.
03. The New Pornographers – “Streets Of Fire”
Eu podia ter escolhido qualquer outra canção dos Pornos que a mixtape ficaria no mesmo nível de excelência, fato. Mas daí tive a idéia de matar dois coelhos de uma vez e prestigiar também a carreira solo do Dan Bejar aka Destroyer, que já havia lançado uma versão lo-fi de “Streets Of Fire” em 96, no “We’ll Build Them A Golden Bridge”. A música é basicamente um refrão de 2 minutos e 41 segundos de tão grudenta que é.
04. Belle And Sebastian – “I’m A Cuckoo”
Mais conhecida no remix do Avalanches (que de certa forma previu em 2003 a existência do Vampire Weekend e a redescoberta da África), “I’m A Cuckoo” é a melhor faixa do B&S na década e aqui em casa isso quer dizer muito.
05. Grizzly Bear – “Two Weeks”
Como eu já disse, “petulante de tão bonita”, “um novo capítulo na gramática da música pop”.
06. Animal Collective – “Fireworks”
Se “Leaf House” foi o primeiro “momento da virada” do Animal Collective, “Fireworks” foi o segundo. É o primeiro hino da banda (depois viriam “My Girls” e “What Would I Want? Sky”) e a primeira vez em que eles combinam letra e música no mesmo tom. Mesmo esganiçada, melhor performance vocal do Avey.
07. Death Cab For Cutie – “Brothers On A Hotel Bed”
Adeus Passa Quatro. Olá Rio de Janeiro. Descontrole Emocional. ‘nuff said.
08. Kings Of Convenience – “Misread”
“The loneliest people / Were the ones who always spoke the truth”, taí uma verdade, Erlend.
09. Wilco – “At Least That’s What You Said”
BEST. GUITAR. SOLO. EVER.
10. Coldplay – “Shiver”
Se existisse um last.fm da vida, “Shiver” provavelmente seria a música mais tocada nesses 21 anos. Daí que mesmo que uma meia-dúzia de anos depois da “fase-Shiver” da minha vida, a faixa ainda continua incrível. Chris Martin (um cara que eu ainda respeito muito) operando na sua versão mais mimimi (mimimi-est?), guitarrinha e dinâmica roubada “The Bends” e quase 5 minutos de puro descontrole emocional de adolescente.
11. Andrew Bird – “Armchairs”
O mais assustador de “Armchairs” é maneira que Andrew Bird parece estar tendo uma epifania durante os 7 minutos de música. Do tom resignado dos primeiros minutos (“And this is how it goes”), para tristeza enfurecida da metade pro fim (“Time’s a crooked boooooooooooooow”), até a rispidez classuda do final (“You didn’t write / You didn’t call / IT DIDN’T CROSS YOUR MIND A-T-ALLLLL!“), “Armschairs” é a canção de uma vida inteira.
12. Wolf Parade – “We Built Another World”
“We Built Another World” é para aqueles momentos em que você precisa acreditar que sua vida é um épico hollywoodiano, com grandes gestos, diálogos profundos e final edificante.
[MP3] Mimimixtape – Disco 2
01. Maxïmo Park – “The Coast Is Always Changing”
Incrível uma música com uma letra tão ridícula (“I am young and I am lost”, daaah) ser tão irrestível como essa.
02. The Stills – “Gender Bombs”
Esse primeiro disco dos The Stills (“Logic Will Break Your Heart”, safra Montreal-NY 2003) é provavelmente um dos mais subestimados da década. Podem chamar o quanto quiserem de derivativo, mas nenhuma banda se resolveu tão bem sendo tão honesta com suas influências (The Cure, Echo & The Bunnymen e Ride). De tanto que ouvi o disco, podia escolher qualquer uma das faixas, mas dessa vez fico só com “Gender Bombs”, petardo que resume bem a vibe do álbum.
03. Voxtrot – “Raised By Wolves”
É triste pensar que o Voxtrot foi relegado à terceira-divisão do indie após o lançamento dos seu primeiro álbum-cheio em 2007, porque essa “Raised By Wolves”, single do final de 2005, é simplesmente incrível. Fácil, minha trilha-sonora dos primeiros meses de faculdade.
04. Jamie Lidell – “Little Bit Of Feel Good”
Minha feel-good-party-music preferida. Simples assim. Jamie Lidell = GÊNIO.
05. Justin Timberlake – “Rock Your Body”
Mesmo que qualquer outro single do Justin caiba bem aqui, “Rock Your Body” foi a primeira que realmente me fez olhar para ele com menos preconceito. Sim, é quase uma homenagem ao Jacko, mas funciona bem para caramba.
06. Amerie – “1 Thing”
A. MELHOR. BATIDA. DE. TODOS. OS. TEMPOS.
07. Franz Ferdinand – “Outsiders”
Coisas para nunca esquecer (e sempre se vangloriar de ter visto): o show do Franz Ferdinand no Circo Voador e a batudada no fim de “Outsiders”.
08. LCD Soundsystem – “All My Friends”
É até sacanagem escolher “All My Friends” como uma música ‘minha’, porque, né, é a música de todo mundo que habitou esse mundo desde 2007. Mas como ninguém tinha escolhido nesse especial e, né, tem aquele valor sentimental, por que não?
09. Cut Copy – “Hearts Of Fire”
Quem me conhece, sabe que eu sou FREAK-FÃ de New Order. Tipo, de se tiver que fazer um Top 5 Músicas da Minha Vida, 6 vão ser do New Order (a saber: “Ceremony”, “Perfect Kiss”, “Age Of Consent”, “Temptation”, “Fine Time”, “Round & Round”). Então ficou fácil para o Cut Copy me conquistar. “Hearts Of Fire” é que o New Order pré-“Technique” faria hoje se o Hook e o Bernie estivessem sãos, esteticamente falando.
10. Radiohead – “Jigsaw Falling Into Place”
Quem diria que depois de tudo, o Radiohead estaria fazendo canções perfeitas como “Jigsaw”? QUE BANDA.
11. WHY? – “By Torpedo Or Chron’s”
Não importa que você simplesmente não pegue as referências do que Yoni Wolf está cantando, o efeito de “By Torpedo Or Chron’s” é o mesmo. É triste, é chuvoso, mas acima de tudo edificante. E, na boa, quem escreve coisas simples e fodas como essas hoje em dia: “I can decide / While I’m alive I’ll feel alive / and what’s next / I guess i’ll know when i’ve gotten there”
12. Arctic Monkeys – “A Certain Romance”
“A Certain Romance” é o tipo de música que me faz sentir a pessoa mais improdutiva do mundo. Como o Alex Turner conseguiu compor uma música dessas com, sei lá, 17 anos? Não estamos falando de um padrão de qualidade Mallu Magalhães, o nível aqui é bem mais alto, quer dizer, há quantos mil anos um Noel Gallagher, um Morrissey, um Elvis Costello da vida não compõem algo tão foda, quanto “A Certain Romance”?
Bonus Track
[MP3] Voxtrot – “Dirty Version”
Essa b-side do Voxtrot é provavelmente o grande tesouro da década. Pouca gente ouviu, é difícil de achar, mas nenhuma outra balada lo-fi conseguiu ser tão devastadora quanto essa.
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