por Livio Vilela
Às 20h de amanhã eu vou estar honrando a minha década passada e finalmente assistindo ao Coldplay ao vivo. Sim, ao contrário de muita gente por aí, eu não tenho nenhum problema nenhum com o fato de que, sim, eu gosto muito de Coldplay.
Como vocês já viram na mixtape, é deles a música que mais tocou nesses meus 21 e, falando a verdade, provavelmente foram a banda mais ouvida também. Mas “A Rush Of Blood To The Head”, segundo disco da banda (e o grande responsável pela virada de “mais uma banda” para “a banda mais bem sucedida no mundo hoje”), tem um lugar especial na minha história.
Se tem uma coisa que eu admiro até hoje é a honestidade brutal do Chris Martin nesse disco. Nas composições, na maneira como ele canta cada palavra. É como se tudo aquilo fosse questão de foro privado, algo que realmente importasse para ele, o que não é exatamente o que costuma acontecer na música pop.
Muita gente confunde essa franqueza com fraqueza, algo que Chris tinha, de fato, demonstrado em alguns momentos do “Parachutes”. É fácil e conveniente ouvir versos como “For you I’d bleed myselft dry” ou “Shiver” inteira e julgá-lo – por toda sua existência – como um adolescente acuado que por um acaso do destino virou um rockstar. No entanto, é necessária muita coragem para fazer um disco tão peito-aberto quanto “A Rush Of Blood To Head”.
Se você leu/assitiu “Alta Fidelidade” (e se não o fez, tome vergonha na cara), vai concordar comigo que o momento central da obra é quando Rob, depois de já ter voltado com Laura, desiste de cometer o mesmo erro ao gravar uma mixtape para a jornalista da Time Out que tinha o entrevistado. É quando ele percebe e aceita que ama Laura – só ela – que toda a história faz sentido.
“A Rush Of Blood To The Head” é sóbre a mesma coisa. Sobre ter coragem de aceitar que você ama alguém. Sem desculpas, sem sarcasmo, – piegas, sim – apenas a realização de que você se importa muito com alguém. Uma sensação que o próprio Chris Martin define melhor que qualquer um na letra de “The Scientist”: “Questions of science, science and progress, do not speak as loud as my heart”.
Depois de “A Rush Of Blood To The Head”, – e principalmente do casamento de Chris com Gwyneth Paltrow – o Coldplay viraria uma banda completamente diferente (ainda muito interessante) com um foco muito maior, como se Chris agora estive disposto em falar sobre “questões de ciência e progresso” da letra de “The Scientist”. Nada que fale mais alto do que este álbum.
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