Quem: Vitor Araújo
Disco: ainda sem título
Previsão de lançamento: primeiro semestre
Sai por onde: Deckdisc?
O que esperar: composições do próprio Vitor e peças de outros autores se misturam num ensaio em três atos sobre a Paixão
O que já dá para ouvir: por enquanto, nada
Se seu primeiro registro (“TOC: Ao Vivo No Teatro Santa Isabel”, 2008) já demonstrava que Vitor Araújo tinha talento para alçar voos ainda maiores, é bem possível que seu potencial seja revelado por completo no seu próximo trabalho, um ambicioso ensaio em três atos sobre o desenrolar da Paixão. A primeira parte sai em 2010 e vai ser, como seu concerto anterior, um lançamento audiovisual. Vitor está finalizando o estágio de pré-produção com ajuda de seu técnico Jeff Moura e do arranjador João do Cello, mas já tem tudo estrutrado:
Passei dois anos sem gravar, e aconteceu que já tenho repertório pra três discos. Concebi uma temática ensaiística onde eles formariam uma espécie de trilogia, falando sobre o tema Paixão, e suas superlatividades, seus exageros, assim como Schumann fez no ciclo de canções Ditchterliebe, baseado num livro de Heine. Organizei três concertos falando de sentimentos que a paixão leva ao exagero, de caráteres diferentes. Não sei como chamarei o projeto todo ainda, mas já sei como chamarei cada um dos concertos, ou Atos (e lançarei o primeiro com certeza em 2010):
1° Ato – Paixão e Fúria (Ou O Desespero)
2° Ato – Paixão e Silêncio (Ou A Infância)
3° Ato – Paixão e Orgasmo (ou O Catarse)
O primeiro ato é composto por obras do próprio Vitor e algumas interpretações de autores eruditos, entre eles, Villa-Lobos. Como o próprio nome indica, o primeiro ato é “raivoso, de um desespero exagerado”, conta o pianista:
As músicas do 1° Ato remetem às explosões rancorosas que podem avdir da paixão, e fala muito sobre o medo da solidão, além do desejo utópico adolescente da quebra de convenções, da revolta do mundo, das pessoas e das caretices das pessoas. A maior parte das músicas são minhas, em algumas utilizo pedais de guitarra e de loop no piano e na voz, algumas são apoiadas por cordas, e interpreto alguns eruditos, claro, dentre eles, Villa-Lobos. É um repertório raivoso e de um desespero exagerado. É um concerto que fala de tempestade.
O concerto, que deve privilegiar as canções de Vitor, ainda é entrecortados por textos de Manoel Bandeira, Augusto dos Anjos, Arnaldo Antunes e Ortinho. Além dos textos, o concerto ainda deve ser marcado por uso de pedais de guitarra ligados ao piano, artifício que já agradou um dos ídolos do pianista, o percussionista Naná Vasconcelos:
Tenho gostado bastante de interpretar uma de minhas peças de piano favoritas, as “Impressões Seresteiras”, de Villa-Lobos, além de um “meio coco meio baião” pesadíssimo chamado “Baixão” em que eu uso uma superposição de loops e faço experimentação buscando frequencias num rádio de pilha. Me influenciou muito no uso dos pedais minha aproximação com Naná Vasconcelos, que é um mestre, na música e na vida. Ele viu e gostou, então estou feliz.
O concerto estréia no dia 05 de maio no Bolshoi Pub em Goiânia, com mais datas as serem anunciadas, inclusive a da gravação do DVD. Enquanto isso, Vitor participa dos dois de amigos como Jr. Black e China, a quem provoca quando pergunto quais são os planos depois do projeto: “Tocar no especial de fim de ano de Roberto Carlos, pra minha vó se orgulhar de mim e pra China ficar com inveja”. Chama ele, Rei!