Laura Marling pode até ter tido Ethan Johns (produtor conhecido pelos melhores discos de Ryan Adams, Rufus Wainwright e Kings Of Leon) para garantir que seu “I Speak Because I Can” soasse como o álbum de folk tradicional que é, mas canções como “Rambling Man” provam que ela provavelmente conseguiria sozinha. A letra fala sobre autoafirmação (“let it always be known that I was who I am“), mas a voz de Laura traz a sensação clara que, mais do que ninguém, ela sabe que está a pôr verdades muito maiores em canções de 3 minutos. Tal qual seus ídolos. (Livio Vilela)
Da última vez em que Hamilton Leithauser permitiu ao The Walkmen soar são direto musicalmente, ele estava esmurrando portas e gritando coisas limítrofes como “Can’t you hear me, I’m bleeding on the wall?”. Em “Angela Surf City”, a coisa mais rock sem firulas que a banda lançou desde “The Rat”, Hamilton troca desespero por conveniência. Ele não a quer de volta porque precisa dela, ele simplesmente não tem outra opção melhor no momento. Do ponto de vista de inteligência afetiva, isso soa até como um retrocesso; em relação à autoconfiança, entretanto, todo mundo sabe que a borda é bem mais confortável que o fundo do poço. (Livio Vilela)
The Walkmen – Angela Surf City
Depois de um disco produzido e composto pelos seus conterrâneos do Air, Charlotte decidiu dividir a produção e composição do seu novo disco com Beck. “Heaven Can Wait” foi o primeiro single e teve um dos melhores clipes do ano. A faixa é a única do disco em que Beck canta junto com Charlotte e é provavelmente a melhor coisa que o cantor fez esse ano. Bateria e percussão bem fortes, violão e piano quase desafinados segurando a música e fazendo a base para vocais e metais num refrão memorável. Coisa fina. (Matheus Vinhal)
Charlotte Gainsbourg – Heaven Can Wait
“Crash Years” é a prova que os Pornos podem ser bons sozinhos, mas juntos são irresistíveis. Se há quem questionasse pós-“Challengers” se a banda ainda funcionava tão bem quanto as carreiras-solo do trio principal, basta mais uma melodia perfeita e grudenta de Carl Newman e a excelência vocal de sempre de Neko Case para provar que, sim, o New Pornographers continua sendo a melhor banda de power pop em atividade. E caso você se esqueça, os assovios e o simpático arranjo de cordas servem como um lembrete. (Livio Vilela)
The New Pornographers – Crash Years
Mesmo quase um ano após a primeira vez que ouvi o Two Door Cinema Club, ainda não consigo entender se o que a banda está propondo é puro exercício de nostalgia do passado recente ou se eles realmente acreditam que o indie rock soft-core circa 2005 é algo tão relevante assim quanto a galera que ainda dá corda para NME parece acreditar. Seja como for, “Undercover Martyn” funciona tanto para quem espera que o DJ toque “aquela música incrível que aquele blog postou ontem”, quanto para quem secretamente vibra quando sente o baixo de “Juicebox” invadir a pista. (Livio Vilela)
Two Door Cinema Club – Undercover Martyn
Depois de um trabalho que era um pouco “pacato cidadão”, como ouvi de uma amiga minha, a Rihanna volta com um disco de festa. Se “Loud” não é um acerto de cabo a rabo, a vibe eletropop europeu ladeada por um refrão bate-cabelo funcionou bem, aqui. “Only Girl (In the World)” é o tipo de faixa que, depois que eu descobri, me perseguiu (e persegue bastante gente, ainda) por todos os lugares: o vão do prédio, a academia, a boate e os churrascos de fim de ano que limpam (ou poluem) sonoramente as ruas das cidade. A vantagem é que a música chiclete que eu tenho ouvido conta com a versão mais diva que a Rihanna já mostrou e uma batida que foi feita pra ser dançada. Bom trabalho, pra quem gosta de grudes. (Rafael Abreu)
Rihanna – Only Girl (In The World)
Depois de um excelente disco em 2007 cheio de potenciais hits, todo mundo (eu, pelo menos) pensava que o Spoon viria para conquistar o mainstream de vez. Mas eis que a banda toma o caminho inverso e aposta nos seus tiques e manias. Apostaram certo, e a prova disso é “Written In Reverse”, uma canção subterrânea que traz aquele pianinho, guitarras rasgadas e batida certeira, marcas registradas da banda. Essa é pra todo mundo que gosta do seu pop, assim, meio estranho, mas pop, no fim das contas. (João Oliveira)
Apesar do The Drums já ter lançado um EP só com músicas boas, quando o vídeo de “Best Friend” foi divugado como uma das músicas do primeiro longplay, a banda conseguiu um novo patamar de visibilidade. Foi por essa música e não foi sem mérito que o The Drums se tornou o grupo mais hypado do ano. O clipe simples demonstra a força da música e o estilo de um grupo que infelizmente não foi mais do que se esperou dele em 2010. Mas, pensando bem, com “Best Friend” eles foram. (Matheus Vinhal)
Tomando “Swim” como referência, nem dá para acreditar que os garotos do Surfer Blood são da Flórida e não da Califórnia. Tudo aqui ecoa a golden coast: os vocais harmonizados via Beach Boys, as guitarras à la Weezer e até brado nonsense meio Blink 182 do refrão. O segredo aqui é não tratar as influências como pretensão e encarar “Swim” como em sua expressão mais simples: 3 minutos de pura good vibe. (Livio Vilela)
Ainda é cedo para determinar, num plano geral, o tamanho do impacto de “Person Pitch” e “Merryweather Post Pavilion”. No entanto, é correto afirmar que as primeiras consequências desses álbuns já estão por aí, à solta pelo indie rock americano. “Real Life”, melhor música do Tanlines até agora, é talvez o filho mais pródigo das obras mais recentes do Animal Collective/Panda Bear. A combinação de sintetizadores com percussão orgânica e voz de Eric Emm, tão dura quanto possível para uma banda vinda do Brooklyn, dá uma dimensão quase concreta ao lamentos e preces por conexão e pertencimento. Muito como o “I just want four walls and adobe slabs for my girls”, a “casa” ou a “estrada” que ele afirma procurar não são apenas desejos espirituais, mas necessidades físicas. (Livio Vilela)
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PO, Only Girl é top 20!
Adoro esse tema chiclete da RiRi!! A propósito , adoro as merdalhada pop!!!
Two Door Cinema Club – Undercover Martyn bombou no meu iPhone ano passado. Muito bom. =)