70) “Porks & Beans” [vídeo]
Weezer
Longe de ser o loser de 94, Rivers Cuomo pede o direito de ser nerd por mais um dia e faz sua canção-brincadeira sobre o sucesso direto para a era do viral. O clipe já escancara, mas “Porks & Beans” seria hit no YouTube mesmo sem os vários outros hits do vídeo.
69) “Hurricane Jane” [vídeo]
Black Kids
Desilusões amorosas já foram tema de inúmeras canções ao longo das décadas e nessa balada de verniz oitetista ganham ares cinematográficos graças ao refrão. Enquanto a voz de Reegie Youngblood explode em meio a uma cama de teclado e sintetisadores, a câmera acompanha, em slow motion, a protagonista, – que podia ser tanto Molly Ringwald, como Debbie Harry – dizendo “Não” ao garoto nerd. Mais Sessão da Tarde, impossível.
68) “Balloons” [vídeo]
Foals
Pode ser fácil jogar o jogo do revival post-punk depois que todo mundo já fez sua parte, mas o Foals realmente merece todos os elogios pelo que está fazendo. Enquanto uns apenas seguiram a cartilha e outros acabaram se especificando em reinventar apenas alguma das faces do gênero, o Foals atira em várias direções e acaba assim juntando as pontas que ficaram soltas por essa década. “Balloons” é um bom exemplo disso. As guitarras ainda são angulares como no Gang Of Four, mas há ali o espaço e a atmosfera do Joy Division. O naipe de metais e dinâmica da música lembra a popice cabeçuda e desengoçada dos Talking Heads, enquanto a precisão da bateria chega quase o pós-hardcoredo Fugazi. E quebrando a música ao meio, um momento épico, cortesia do Echo & the Bunnymen.
67) “My favorite year” [MP3]
Destroyer
Devido a predominância (e, às vezes, a excelência) das composições de Carl Newman no New Pornographers, pouca gente acaba conhecendo Dan Bejar, guitarrista e compositor de timbre estranha, mas que quase sempre crava pérolas nos discos dos Pornos (“Myriad Harbour” é dele, por exemplo). E melhor ainda que suas músicas no supergrupo é seu trabalho a frente do Destroyer, uma mistura de folk eletrificado dylanesco com doses fartas de David Bowie, power pop e Lou Reed. “My favorite year” é a melhor faixa de “Trouble In Dreams”, um dos dois discos que ele lançou em 2008, (o outro foi “The Portrait Is Finished…”, com o Hello Blue Roses, projeto dele com a patroa), e uma síntese da extensa obra de Bejar. Faria você beber BASTANTE no Destroyer Drinking Game, por exemplo.
66) “Collapsing at your doorstep” [vídeo]
Air France
A primeira frase de “Collapsing at your doorstep” que já diz o que virá pela frente, “Sort like a dream? No. Better.”, e o resto da música da dupla de produtores de suecos continua na mesma vibe, sonhando um verão tropical através dos beats elegantes do pop europeu (Air e Saint Etienne). Funciona tanto no frio de Goteburgo quanto no sol de Ipanema.
65) “Waves of Rye” [MP3]
Departament Of Eagles
Como o Grizzly Bear, banda da qual Daniel Rossen também faz parte, o Department Of Eagles acaba estabelencendo conexões interessantes com sua música. “Waves of Rye” soa parte como o momento fugidio nos anos 70 em que o blues encontrou o folk e a psicodelia original (pense em Neil Young e Van Morrison com ambiência expasiva do prog) e parte como o indie rock e guitarras barulhentas e melodicas de grupos como Built To Spill e Dinosaur Jr.
64) “Melhor” [MP3]
Wado
No meio de sua viagem pelos ritmos periféricos do mundo (xô Regina Casé!), Wado faz uma parada no litoral brasileiro para fazer a canção mais pop de sua carreira. Mesclando beats e percussão com piano e violoncelo, “Melhor” é uma balada ensolarada que desmancha, mesmo que por 3 minutos, a posição defensiva em que costumamos ver o músico. De braços abertos, ele canta “Eu quis mudar para você ver / que nem sempre é tão difícil a gente perceber”. Agora, só falta você chegar junto.
63) “Hit the wall” [vídeo]
Brendan Canning
Como o disco de Kevin Drew já sugeria, a série de lançamentos sob o selo “Broken Social Scene Presents: …”, além de mostrar canções mais pessoais de cada cabeça do coletivo, serve também para deixar claras as dívidas do novo pop canadense com rock americano da virada 80-90. Se Drew trouxe J. Mascis para sua banda, Brendan Canning pede a benção de Gregg Dulli e Thruston Moore enquanto desliza pelo barulho das guitarras e a perdição leve dos metais e dos vocais sussurados.
62) “All my love” [MP3]
American Music Club
Apesar do belo arranjo (arpejo de violão, bateria suave, leve intromissões de guitarra e piano), é o crooning sussurado de Mark Eitzel que transforma “All my love” na maravilha que é. A leveza do timbre toma conta de todo espaço deixado pelos outros instrumentos, enquanto a melodia tira seu coração para dançar uma valsa pelos 5 minutos da faixa.
61) “Keep cooler” [MP3]
Nancy
A bateria começa épica, como se estivesse a espera de um crime passional. A música, então, se quebra em metais e fraseados de guitarras para dizer que todo o drama até ali é fingimento, ironia (“Feel lucky that I never stopped until I know, but I don’t know”). Daí se quebra novamente para te conquistar, sexy, na voz de Camila e cama dream pop que a banda estende para ela. Como esse semi-hit em si, é difícil classificar o Nancy ou situa-lo em alguma cena, ou tradição musical. Já disseram “black metal para namorar”, ficamos com “música foda”. Com ou sem trocadilhos.
Deixe um comentário