O que seria de uma banda que, em seu primeiro CD em 2005, logo na primeira música já chegou afirmando: “Formed a band/ We formed a band/ Look at us/ We formed a band”? Será que uma banda que não se leva sério e não tem grandes músicos, pode ter um futuro? Essa talvez seja a grande virtude do Art Brut: não se levar a sério. Foram tentar isso, no segundo CD, e deu no que deu (alguém ai se lembra que o Art Brut lançou um segundo CD?).
Para esse novo CD, o lendário frontman do Pixies Frank Black foi recrutado para produzir o disco. Logo na primeira música, “Alcoholics Unanimous”, o primeiro single do CD, já é possível ouvir algumas diferenças, principalmente no som da guitarra, mas o estilo continua o mesmo definido pelo própio cantor e líder da banda Eddie Argos, “Punk as Fuck”.
Mas o forte do Art Brut, sempre foi as tristes e engraçadas composições de Argos (que foi apontado em 2005 pela NME como o “novo Jarvis Cocker”). A ironia, o humor e a crítica estão de volta nesse CD (graças a deus). Como acontece na ótima e autobiográfica, “DC Comics and Chocolate Milkshake” onde Eddie, declara “From delivering post to serving beer/I’ve never had much of a career”, e com isso afirma que as melhores coisas da vida são, revistinhas em quadrinhos e milshakes de chocolate. Logo em seguida, em “The Passenger”Argos faz uma inversão do famoso hino ao isolamento do Iggy Pop de mesmo nome, falando, “Some People Hate the Bus/ Not me/ I can’t get enough”. A melhor do CD vai para Demons Out!, onde Eddie luta contra o lixo produzido pelo mainstream e idolatrados pelo “público comprador de disco” dizendo: “This is Art Brut versus Satan/The record buying public, we hate them!”.
Outro destaque é “Slap Dash for No Cash” , onde o pitoresco frontman mostra porque é talvez o melhor observador da cultura pop atualmente , questionando o porque de hoje todas as banda quererem soar épicas? (“Why is everyone trying to sound like U2?/ Why would you want to?”). E para fechar com chave de ouro (viva o chavão), vem a apoteótica “Mysterious Bruises” 7 minutos de um funk agitado no melhor estilo Talking Heads, com frases merecedoras de prêmios (“I can’t remember anything I’ve done/I fought the floor and the floor won!”).
É com todo gosto que digo, Art Brut voltou! Eddie Argos, e seus colegas estão de volta, batendo na sua porta, querendo fazer você fazer rir, chorar, e principalmente, se lembrar de porque você era viciado neles.
[“Art Brut Vs. Satan”, Art Brut. 12 faixas com produção de Frank Black. Lançado pela Downtown Records/Cooking Vinyl em Maio de 2009]
[rating: 3.5/5]
Gostei muito do que escreveu sobre eles!! E me sinto igual em relação ao segundo disco deles. E tô louco para ouvir esse novo! Valeu!
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Gostaria de fazer uma parceria.
Vcs aceitam?
Gostei muito do blgo, muito completo.